Agradeço-te, moça bonita, por cada gotícula de amor.
Sou grato por todo o carinho que tem por mim e também por aquecer meus pés.
Sua companhia me agrada, sua comida é deliciosa, seu corpo tem cheiro bom.
Obrigado por todo o amor que você, tão bonita e tão inteligente, confia à minha pessoa, frustrada e cinza.
É que meus dias de arco-íris acabaram. Não acredito mais na beleza das pessoas ou no bom-humor do destino. Minha vida acontece em preto e branco.
(Você fica linda em tons de cinza.)
Acontece que sou egoísta. Não sei dividir meu bucolismo e tenho medo de que você venha a colorir a minha vida.
Odeio canetas coloridas, roupas coloridas , vidas coloridas. Odeio a Faber Castell.
Não gosto do amor. Não me suporto em cores diferentes dos tons de cinza.
Então, moça bonita, não estou duvidando de você.
(Engula a sua filosofia de pequeno príncipe.)
Sei que você me ama, mas não tenho nada a ver com isso.
Cate os seus pedaços da minha frente e leve para uma assistência. Eu pago.
Perfeito.
Já conheci pessoas assim. Que dizem para o amor “não, obrigado”.
Obrigada, Ana, por trazer tantas palavras aos nossos dias.
ana, muito bom, mas o “odeio a faber castell” é excelente. ;D
Genteee! Que lido, isso! Espirituoso e inteligente! Gostei muito.
‘odeio a Faber Castell’
‘sei que você me ama, mas não tenho nada a ver com isso. Cate seus pedaços da minha frente e leve para uma assistência. Eu pago’
Muito bom mesmo!
Lindo, coneço pessoas assim que preferem viver na solidão e dizem não presisar de amor.
Sobre a parte → “Cate seus pedaços da minha frente e leve para uma assistência. Eu pago” achei excepcional, na verdade, achei o texto inteiro perfeito. Ele me surpreendeu. Sou apaixonada por essa confraria, sou apaixonada pela singularidade de cada autor. Reverências a vocês
<3
Este comentário foi removido pelo autor.
“Cate os seus pedaços da minha frente e leve para uma assistência” lembra uma versão repaginada de “Junte tudo que é seu, seu amor, seus trapinhos…” Meio cruel, né não, Ana? O “Odeio a Faber Castell” é o melhor de tudo. Um achado!
Os dias de arco-íris pintados pelos lápis coloridos da imaginação são a marca registrada de um ser humano ingênuo, mas, nesse texto, seu contraponto, a visão de mundo acinzentada, ainda não parece uma visão de mundo adulta. Porque o ser amado bucólico desenha a situação inocente de não ter nada a ver com o amor que provoca no seu amante.
Quem já amou, e cresceu, sabe que nessa vida tudo está relacionado com tudo. Quem aquece seus pés nos pés do outro, quem tem intimidade o bastante para reconhecer o cheiro bom do outro, quem aceita a comida de quem o ama na certa também alimenta o sentimento do outro e, portanto, tem tudo a ver com esse sentimento, concorda comigo?
Por coincidência, li este texto ontem (migre.me/9aAkP) e acho que tem um pouco a ver com o que você escreveu.
Abs
Maldita realidade na vida de muitos mal-auto-amados, pena pra quem não enxerga as cores, cores expressam sentimentos e cinza é a cor do medo
Olá Ana…primeira vez que me manifesto.
Achei brilhante [como outros tantos textos teus].
Adorei o “odeio a faber castell”.
Lindo lindo.
Parabéns..
Ana, gostei tanto, tanto, tanto, que resolvi escrever a minha percepção sobre o tema: http://jaquelineeopaisdasmaravilhas.blogspot.com.br/2012/05/nao-sei-nada.html
bjo grande, amo-adoro essa confraria!
Não consegui conter o puta que pariu! acompanhado de um suspiro longo, quando terminei o texto.
Puta que pariu!, Ana.
O livre arbítrio dos sentimentos.
A castração emocional.
A vida em tons de cinza.
E mais um tantão de coisas sobre as quais eu não sei dizer, mas que estão aqui, fazendo eco em mim. Porque essas tuas palavras – irritantemente belas, são, de fato, verdadeiras. E doídas.
Um beijo, sua linda.
PS: Aqui, na minha estante, tem um espaço reservado, entre Clarice, Duras, Jong etc. etc., para o livro teu. Não vejo a hora. Espero.
Puta merda, Ana.
Texto incrível e que sacada genial: “Odeio a Faber Castell”.
Bah, fiquei aqui pensando. Adorei a caixa de lápis com muitas cores (uma pequena relíquia infantil). Depois cresci e sempre tento pintar os dias, o céu e as pessoas.
O cinza está por todo lado, dentro de nós. E essa dificuldade de aceitá-lo de vez em quando também é problema. Nem tudo é papel em branco aceitando nossos rabiscos, nem todo mundo está interessado em uma aquarela meio defeituosa.
Como é bom ler esse blog. Vocês (cada um com seu jeitinho) são inspiradores.
Beijo e clap clap.
Apenas uma palavra: Bravo! Mentira, vou mandar outra: Bravo!
clap! clap! clap! clap! clap! clap!
baci,
@paraquenomes
C A R A L H O!
Ana, como já disse algumas vezes para o Denison, odeio você!
O texto da semana! (É muita ousadia dizer que achei a minha cara?)
“Morre lentamente quem evita uma paixão , quem prefere o preto sobre o branco e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções , justamente as que resgatam o brilho dos olhos , sorrisos dos bocejos , corações aos tropeços e sentimentos”.
Pablo Neruda
Ótimo texto, amo preto e branco,não só pra roupas, como para times e fotografias, mas os doces acrescentam cores a minha vida. Tem certeza que quer morrer lentamente? rsrs 🙂