eu caio em ti
tu cais em mim
a espera do navio
tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum
depois singrar abismos
âncora alada
leme sem prumo
tum tum tum tum tum tum tum tum tum
oceano embriagado
regurgita ondas eletromagnéticas
bússolas em trânsito
tum tum tum tum tum tum tum tum
recônditos faróis
transidos circunavegantes
cartografia nas mãos
tum tum tum tum tum tum tum
o timão roleta-russa
vira futuro revira passado
tum tum tum tum tum tum
transe
tum tum tum tum tum
até
tum tum tum tum
cá
tum tum tum
ir
tum tum
em
tum
si
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poeticamente visual. belezura
No bom e velho psicologuês, Denison, cê conseguiu reproduzir um belo surto psicótico. Num primeiro momento, assistimos a um naufrágio de uma identidade pessoal no “oceano embriagado”. De degrau em degrau, um sujeito afunda, para que uma nova tomada de consciência venha à tona.
Só que tem um detalhe: simultaneamente ao “transe” de um psicótico, o que existe na realidade é um poeta, almirante de si mesmo, com a sua própria “cartografia nas mãos”, a “singrar abismos” da poesia.
Ou seja, meu caro: pra variar, o poema tá muito bom. Ou melhor, uma coisa de louco.
Abração.
Jorge
Navegar é preciso. Melhor ainda quando os dois nadam no mesmo ritmo.
Dê graus elevados ao cair em alguém.
Adorei o ritmo e a impressão visual, me senti dentro do navio. E bússola pra quê, numa viagem assim tão boa?